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Homenagem: Linduarte Noronha
Apresentação
Entrevista
Filmes da Mostra
Linduarte Noronha
Linduarte Noronha foi repórter e crítico de cinema
antes de arriscar-se no documentário. Foi adaptando um texto jornalístico próprio que rodou seu
curta-metragem de estréia, “Aruanda” (1960).
Nunca mais o filme no Brasil seria o mesmo.
“Aruanda” está para o moderno cinema brasileiro
como “A Bagaceira” do também paraibano José
Américo de Almeida está para nosso modernismo
literário. O Nordeste, sua realidade, seus mitos,
texturas, asperezas, locações e personagens, abria
passagem – em 1960 como em 1928, nos filmes
como nos livros.
“Aruanda”, ensina Noronha, quer dizer “terra de promissão”. O filme trata da fundação de um qui lombo
de escravos fugidos na Serra do Talhado e revisita a
região, quase um século depois, flagrando uma família camponesa que subsiste de algodão, plantado
pelos homens, e cerâmica, obra das mulheres.
O então jovem critico baiano Glauber Rocha
comparou-o ao Rossellini da aurora do neorealismo.
Jean-Claude Bernardet o louva como
“simultaneamente documento e interpretação da
realidade”. Na década seguinte, o Cinema Novo e o
documentário nacional aplicariam suas lições.
“Aruanda” originou ainda toda uma escola de
documentários na Paraíba, a partir principalmente
de companheiros de equipe de Noronha: Vladimir
Carvalho, João Ramiro Mello, Rucker Vieira. O
próprio Linduarte Noronha acabaria por realizar
apenas dois outros filmes: o curta “O Cajueiro
Nordestino” e, já nos anos 70, o longa-metragem
“O Salário da Morte”, depois de uma tentativa
frustrada de adaptar, claro, “A Bagaceira”.
Às vésperas do cinqüentenário da reportagem
que originou “Aruanda” (As Oleiras de Olho d’Água
na Serra do Talhado, 1958), o É Tudo Verdade
celebra a contribuição renovadora de Linduarte
Noronha. Este ciclo reúne os filmes por ele
dirigidos, um retrato dele por outro mestre do
documentário brasileiro (Geraldo Sarno), duas
obras que contextualizam a Paraíba no ano de
seu nascimento (1930) e dois curtas essenciais da
escola paraibana. A força desse movimento se
reafirma pela exibição hors-concours do novo
documentário de Vladimir Carvalho, “O Engenho
de Zé Lins”, um tocante retrato do escritor
paraibano José Lins do Rego (1901-1957).
AMIR LABAKI
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