Se no passado o documentário foi um gênero de
aceitação mais difícil, pouco apreciado por seu
conteúdo realístico – geralmente pesado, justamente
pelo enfoque de questões candentes – e
também por condições técnicas quase sempre precárias,
este quadro mudou radicalmente, sobretudo
nesta última década. O documentário tem se
firmado no cenário da cinematografia mundial,
seja pelo avanço de sua qualidade técnica, cada
vez mais apurada, seja pelo vigor de seu conteúdo
e pela relevância dos temas abordados.
Este florescimento consolidou também a linguagem
específica do documentário, que vem se depurando
e mesmo desdobrando-se em ramificações
que expandem as possibilidades criativas deste gênero.
Resultam desse processo trabalhos cada vez
mais elaborados e instigantes, que vão das configurações
tradicionais às incursões pelo campo experimental
e por pesquisas de linguagem, perpassando
questões conceituais e éticas, cuja discussão
adquire importância capital em nossos dias.
É indubitável que a maior circulação dessa produção
contribuiu para a maturação do documentário
como produto e para sua crescente aceitação
pelo público, que passa a apreciar mais o gênero
na medida em que o conhece melhor. O aumento
quantitativo, por outro lado, tornou-se possível
com o advento de novas tecnologias, que tornam
a realização mais acessível e imediata.
Nesse sentido, o Festival É Tudo Verdade, agora em
sua 14ª edição, desempenha um papel fundamental
ao trazer o que de melhor se produz em documentário
nos quatro cantos do mundo, ao mesmo
tempo em que fomenta a discussão em torno dessa
produção em seus fóruns de debate.
O SESC São Paulo, desde a primeira edição, tem
abrigado e apoiado o Festival, na condição de corealizador,
por acreditar na importância de criar
oportunidades para o conhecimento de um gênero
que, a despeito de suas muitas qualidades, ainda
encontra resistências do mercado exibidor.
Num mundo saturado de imagens e informações –
e ao mesmo tempo tão carente de reflexões mais
aprofundadas que lhes confiram consistência e
coesão – este Festival suscita novas compreensões
da complexidade contemporânea e das dinâmicas
transformações de nosso tempo.
Danilo Santos de Miranda
Diretor Regional do SESC São Paulo
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