Quinze Vezes É Tudo Verdade

Quando a primeira edição deste festival se realizou, em 1996, as Torres Gêmeas reuniam uma multidão de turistas em seu topo para comemorar as passagens de ano, Michael Moore trabalhava para a TV e Eduardo Coutinho não lançava um filme em salas de cinema há uma década. Os tempos são bem outros e na área da cultura uma das mudanças mais notáveis –e universais- é uma inédita valorização do documentário. Em termos quantitativos, pode-se lembrar que seguidos recordes de bilheteria no gênero foram batidos mundo afora neste período e que a produção se multiplicou, catalisada pelas novas tecnologias de registro e edição de imagem e som. Mas o impacto maior e mais relevante não se mede em números: é a expansão da ideia de um cinema não-ficcional pelos corações e mentes por todo o planeta.

Nossa celebração não é contudo nostálgica. A safra de documentários brasileiros e internacionais apresentada neste festival comprova o novo patamar estético atingido pela produção nesta nova década do século 21. A forte presença de jovens realizadores, lado a lado com autores consagrados, como Frederick Wiseman e Jorge Bodanzky, autoriza certo otimismo quanto ao futuro do gênero.

As homenagens especiais destacam um dos mais surpreendentes realizadores franceses em atividade, Alain Cavalier, prestes a tornar- se octagenário, e o centenário do múltiplo Benedito Junqueira Duarte, que fotografando, filmando e escrevendo fecundou generosamente a produção documental entre nós. São ambos, para além de destemidas figuras a cultuar, farois para o futuro.

Não menos especial é celebrar, em plena Cinemateca Brasileira, a 10ª edição da Conferência Internacional do Documentário, dedicada neste ano a discutir o uso dos materiais de arquivo. Em uma década, o projeto concebido e copilotado por Maria Dora Mourão firmou-se entre os principais encontros mundiais de debate e reflexão em torno do cinema não-ficcional, reunindo anualmente acadêmicos, críticos e cineastas dentre os mais renomados do planeta documentário.

Em nome da equipe do É Tudo Verdade, agradeço antes de tudo aos diretores, produtores e técnicos que mais uma vez nos confiaram suas criações, incluídas ou não na seleção final. Às entidades e empresas correalizadoras que a nós se irmanaram para o alcance deste marco, a gratidão é infinita.

Vai começar a festa: divirtam-se!


Amir Labaki
Fundador e Diretor
É Tudo Verdade
Festival Internacional de Documentários





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