Este ano a Conferência tem como foco o documentário desenvolvido a partir de imagens (e sons) de arquivo que, revisitados através da montagem, criam novos significados. É a memória reconstruída em um novo contexto espaço-temporal, mas sem nunca perder sua função histórica.

Não por coincidência o tema foi escolhido para o ano de celebração do centenário de nascimento de Jay Leyda. Realizador bissexto, Leyda já teria garantido seu posto na história do cinema por sua pioneira e insuperada colaboração para a difusão do cinema e dos escritos de Sergei Eisenstein. Não bastasse isso, publicou em 1960 um volume essencial, “A History of Russian and Soviet Film”. Mas sua inspiração maior para esta Conferência deve-se à publicação em 1964 de outro estudo pioneiro, “Films Beget Films”, dedicado ao que batizou de “filme de compilação”, insatisfeito com a confusa definição “filmes de arquivo”.

Quase meio século passado desde aquele lançamento, a novíssima safra de documentários exibida neste festival reafirma a riqueza do universo fílmico estudado por Leyda. Nada melhor para celebrá-lo nesta efeméride do que, por meio dos debates desta Conferência, reafirmar a potência e a originalidade de seu legado.

Maria Dora Mourão & Amir Labaki
Coordenadores
10a. Conferência Internacional do Documentário