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Di
Glauber Rocha
Brasil/RJ, 18 min, cor, 16mm, 1977

Ao tomar conhecimento da morte do amigo e pintor Emiliano Di Cavalcanti, Glauber Rocha vai com sua equipe de filmagem para o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, onde o corpo do artista está sendo velado, e dirige um filme onde manifesta sua perplexidade, sua indignação e seu impulso poético.

When he heard of the death of his friend, the painter Emiliano Di Cavalcanti, Glauber Rocha went with his film crew to the Museum of Modern Art of Rio de Janeiro, where the body of the artist was lying in state, and directed a movie that shows his perplexity, his indignation, and his poetic impulse.


Quando Di morreu, eu apenas improvisei em cima de fatos. Como eu estava duro, pedi a vários colegas cineastas pedaços de filmes virgens, chegando a juntar 800 metros de colorido. Peguei também uma câmara emprestada do Nelson Pereira dos Santos.[...] Fui ao velório, no Museu de Arte Moderna e ao enterro, no São João Batista. Dirigi o fotógrafo Mário Carneiro na tomada das cenas. Aí já estava decidido a fazer um filme sobre a morte de Di. Uma homenagem de amigo para amigo. As poucas pessoas que estavam lá ficaram chocadíssimas, claro. Diziam que eu estava tumultuando o enterro, estava profanado um ato católico. Não é nada disso. Meu filme é um manifesto contra a morte. Da morte nasce a vida. Di era um homem alegre, um homem que, com toda a certeza, também gostava de enterros. E eu quis, além de prestar-lhe uma homenagem, contestar os princípios fundamentais da lógica.

"When Di died, I merely improvised on the facts. Since I had no money, I asked several colleagues for pieces of unused film, and got together 800 meters of color film. I also borrowed a camera from Nelson Pereira dos Santos.[...] I went to the wake, at the Museum of Modern Art, and to the burial, in São João Batista. I directed photographer Mário Carneiro as he shot the scenes. We had already decided to do a film on the death of Di, an homage of a friend to a friend. The few people who were there were highly shocked, of course. They said I was upsetting the burial, that I was profaning a Catholic ritual. That's not it at all. My movie is a manifesto against death. Life is born from death. Di was a joyful man, a man who, most certainly, also liked burials. And I wanted, in addition to honoring him, to challenge the fundamental principles of that logic."

Glauber Rocha

F: Mário Carneiro e Nonato Estrela
M: Roberto Pires

* Prêmio Especial do Júri, Festival de Cannes 77

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