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Edição 2000
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Marco Aurélio Garcia - Secretário Municipal de Cultura de São Paulo
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A Prefeitura Municipal de São Paulo, apesar das dificuldades financeiras que enfrenta, associa-se à realização do 6º Festival Internacional de Documentários por compreender sua importância para o público e seu impacto sobre a cinematografia do país.
Godard disse que a percepção fundamental do século XX foi dada pelo cinema. Coube ao documentário desempenhar de forma exemplar esta função - registrando e refletindo de grandes acontecimentos e personagens históricos a pequenos cenários e pessoas comuns que ajudam a explicar o século que se encerra.
A "verdade" que o documentário busca não decorre, é claro, da ilusão naturalista de poder fotografar o real. A verdade do documentário é mais difícil de ser atingida do que aquela de um filme de ficção. Os grandes documentaristas, como esta mostra certamente reiterará, chegam à "verdade" através de uma linguagem cada vez mais sofisticada, capaz de articular novas propostas estéticas e inovações técnicas que se aceleram nas últimas décadas. É sintomático o fato de que o documentário influencie mais o cinema ficcional do que o contrário.
Menos sujeito aos avatares do "mercado", o gênero tem um selo maior de independência. É o "cinema de autor" por excelência, menos por expor idiossincrasias, mais por refletir uma tentativa de dar conta dos problemas que nos interpelam hoje, mesmo quando situados décadas atrás.
O Brasil precisa ver-se mais no cinema e, ainda que essa missão não seja exclusiva dos documentaristas, a eles cabe, sem dúvida, parte importante dela. O Festival revelará, entre outras coisas, o papel de Geraldo Sarno nessa direção. Descobrirá fragmentos do mundo em transição em que vivemos. Revelará técnicas. Instigará vocações. Mas, sobretudo, suscitará um olhar crítico sobre o mundo, que permanecerá mesmo quando as luzes da sala acenderem.
MARCO AURÉLIO GARCIA
SECRETÁRIO MUNICIPAL DE CULTURA DE SÃO PAULO
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