Sacrificio e
A Negação do Brasil
A Competição Internacional premiou o longa-metragem Sacrifício, dirigido por Erik Gandini e Tarik Saleh, uma revisão sobre quem teria delatado a presença de Che Guevara na Bolívia, fato que o levaria à morte. Na Competição Brasileira, venceu A Negação do Brasil, de Joel Zito de Araújo, uma análise das influências das telenovelas nos processos de identidade dos afro-brasileiros.
No total, foram projetados 108 documentários, representando 21 países de cinco continentes. Compareceram às 186 sessões do festival mais de 14 mil pessoas, novo recorde do evento.
A decisão em favor de Sacrifício foi unânime: segundo os jurados, o filme realiza "excepcional e complexa investigação; exprime essa investigação numa linguagem documental atual e inovadora; e apresenta personagens e informações que permitem a reinterpretação de fatos históricos de relevância internacional." Sacrifício recebeu o Troféu É Tudo Verdade, desenhado pelo artista plástico Carlito Carvalhosa, e mais R$ 7 mil.
O vencedor da Competição Brasileira também recebeu o Troféu É Tudo Verdade e R$ 7 mil.Segundo o Júri, A Negação do Brasil é "um contundente desnudamento de uma realidade, um filme onde se escancara de forma assustadora aos nossos olhos, questionando interpretações e impressões apaziguadoras sobre a condição do negro brasileiro. É um documentário que revela de forma cristalina aquilo que insistimos em não ver." A Negação do Brasil recebeu ainda o Prêmio Quanta - R$ 6 mil em locações de equipamentos - e o Prêmio de Pesquisa, devido a seu "impressionante, rigoroso e inédito garimpo de imagens televisivas".
O Júri da Competição Brasileira outorgou ainda o Prêmio GNT de Renovação de Linguagem ao longa-metragem O Fim do Sem Fim, produção mineira sobre profissões em extinção dirigida por Lucas Bambozzi, Cao Guimarães e Beto Magalhães. O filme mereceu o Troféu GNT e R$ 7 mil. Segundo o Júri, o filme realiza "uma vigorosa e inventiva combinação entre som e imagem, e se destaca por sua particular e envolvente poética cinematográfica, onde o discurso de um cinema moderno se confronta com as formas tradicionais de expressão popular."
Uma menção honrosa foi deliberada pelos jurados da Competição Brasileira a Glauces, Estudo de Um Rosto, de Joel Pizzini. Segundo a justificativa do júri, trata-se de um "ousado ensaio essencialmente cinematográfico que resgata a impressionante galeria de personas que se manifestam através de um dos rostos mais emblemáticos do cinema brasileiro. Daria para dizer que Joel Pizzini criou o último papel de Glauce Rocha, construindo através da montagem um personagem cubista. Através deste filme, o realizador segue seu caminho particular e expressivo no panorama do cinema não-ficcional brasileiro."
Premiação criada este ano, o Prêmio MinC de Aquisição selecionou, através de júri próprio, três títulos para exibição em emissoras não-comerciais: o paulista Ao Sul da Paisagem: Paisagens Invisíveis (de Paschoal Samora), o pernambucano A Composição do Vazio (de Marcos Enrique Lopes) e o carioca Onde A Coruja Dorme (Marcia Derraik e Simplício Neto). Cada um fez jus a R$ 5 mil.
Também deliberado por jurado próprio, o Prêmio TV Cultura de Documentário laureou um título inscrito no evento que não participou da competição (habilitam-se à esta premiação todos os inscritos no festival): Samba, da carioca Theresa Jessouron. O prêmio, de aquisição de direitos de exibição pela emissora, inclui o Troféu TV Cultura e R$ 7 mil.
Finalmente, a Associação Brasileira de Documentaristas outorgou o Prêmio ABD (um Troféu desenhado pelo artista plástico Guto Lacaz) ao longa Babilônia 2000, de Eduardo Coutinho.