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Edição 2000
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Retrospectiva Geraldo Sarno
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Filmes
VIRAMUNDO
Geraldo Sarno
Brasil
40', P&B, 16mm, 1964/65
Falado em português
Em cinco atos - o desembarque, o trabalho na construção civil, o trabalho na indústria, a caridade das religiões e o retorno - o filme delineia a trajetória do migrante nordestino buscando o sonho do progresso na metrópole paulistana. Sublinhado pela narrativa de cantadores de viola, "Viramundo" desmonta o mito do famanaz, oriundo da literatura de cordel, o herói do sertão que, abandonando a terra natal, torna-se famoso pelas fabulosas proezas de trabalho e esforço de que é capaz. A realidade nem sempre respeita o mito.
"A locução, a canção, os quadros apreendem e cercam a experiência vivida dos migrantes pelo viés da ciência e da arte - ciência e arte (pelo menos no caso dos quadros) que não pertencem ao seu universo cultural, mas interpretam em termos cultos a sua vivência. Quanto a eles, nada mais se lhes pede, senão que a vivam." (Jean-Claude Bernardet, em Cineastas e Imagens do Povo)
30 DE MARÇO 19H00 CASA FRANÇA-BRASIL
5 DE ABRIL 18H00 CCSP
6 DE ABRIL 18H00 CCSP
7 DE ABRIL 15H00 CCSP
VIVA CARIRI!
LONG LIVE CARIRI!
Geraldo Sarno
Brasil
37', cor, 16mm, 1969/70
Falado em português
Amplo painel social da região do Cariri, Ceará, vale fértil situado na confluência dos sertões áridos de cinco estados nordestinos, numa colagem de sons e imagens que desconstrói a tradicional narrativa realista e naturalista do documentário. O filme mescla o retrato das atividades econômicas da região e as manifestações religiosas do culto ao Padre Cícero. Terra da esperança e da salvação, mas também do mito, da fome e da morte, a região do Cariri é uma síntese metafórica do sertão. "Viva Cariri!" é a imagem dessa metáfora.
"Salvo engano, VIVA CARIRI! foi o primeiro documentário a formular a ruptura do gênero em direção à ficção." (Geraldo Sarno)
30 DE MARÇO 19H00 CASA FRANÇA-BRASIL
5 DE ABRIL 18H00 CCSP
6 DE ABRIL 18H00 CCSP
7 DE ABRIL 15H00 CCSP
SEGUNDA-FEIRA
MONDAY
Geraldo Sarno
Brasil
12', cor, 35mm, 1975
Falado em português
As feiras nas pequenas cidades do sertão são o ponto de encontro semanal de camponeses e moradores da região. Nelas não apenas se faz o intercâmbio econômico necessário, mas se estabelece uma relação social, cultural e mágica. Os sonhos e os mitos revivem ao lado dos parcos produtos da terra colocados à venda. Em meio às mercadorias também se abre espaço para a aventura, o amor, a arte - tudo feito sem excessos, nem desperdícios. A medida exata é o limite do necessário.
"SEGUNDA-FEIRA é um documentário inteiramente liberado de qualquer compromisso que não seja com o próprio universo que documenta, e com uma poética diretamente inspirada por esse mesmo universo. 'É como um baião de Luiz Gonzaga', me disseram." (Geraldo Sarno)
5 DE ABRIL 16H00 CASA FRANÇA-BRASIL
7 DE ABRIL 20H00 CCSP
8 DE ABRIL 15H00 CCSP
8 DE ABRIL 20H00 CCSP
IAÔ
Brasil
70', cor/ P&B, 16mm, 1976
Falado em português
Rodado na casa de Mãe Filhinha, em Cachoeira, no Recôncavo Baiano, o filme documenta o processo de iniciação ao culto dos orixás. Segundo de uma série iniciada por "Espaço Sagrado" (1976), "Iaô" mostra imagens de cultos tradicionais de uma comunidade gege-nagô e destaca o papel integrador e de resistência cultural desempenhado por essas manifestações.
"Alguns querem ver entre IAÔ e VIRAMUNDO o lento e amadurecido percurso do documentarista - de um filme agressivamente ideológico a outro que cede vez à compreensão de manifestações onde, a rigor, não se espera encontrar firmes posturas ideológicas. Nada mais falso. O projeto que deu depois em IAÔ existia desde 1965 - e desde então destinado a ser contrapartida de VIRAMUNDO na documentação das religiões afro-brasileiras que, como todos os fenômenos humanos, não representam um único e exclusivo papel na vida das sociedades." (Geraldo Sarno)
5 DE ABRIL 16H00 CASA FRANÇA-BRASIL
7 DE ABRIL 20H00 CCSP
8 DE ABRIL 15H00 CCSP
8 DE ABRIL 20H00 CCSP
A TERRA QUEIMA
THE EARTH BURNS
Geraldo Sarno
Brasil
55', cor, 16mm, 1984
Falado em português
"A Terra Queima" estabelece um diálogo imediato com "Viramundo" - a despeito da diferença de duas décadas que separa os dois filmes. O documentário busca as razões que levam o retirante a abandonar o sertão. Filmado quando se completavam quatro anos consecutivos de seca no Nordeste, "A Terra Queima" é um documento social na tradição dos documentários carregados de sentimentos de indignação e revolta.
"Um admirável filme de Geraldo Sarno, produzido pelo National Film Board, do Canadá, "A Terra Queima" é uma radiografia audiovisual da situação do Nordeste após cinco anos de seca. A falta de água, a falta de comida, a falta de emprego (sem seguro-desemprego), o trabalho comunitário, a mortalidade infantil... em imagens tão belas quanto insustentáveis, de uma sólida verdade." (Sylvie Pierre)
4 DE ABRIL 16H00 CASA FRANÇA-BRASIL
6 DE ABRIL 15H00 CCSP
6 DE ABRIL 20H00 CCSP
DEUS É UM FOGO
GOD IS A FIRE
Geraldo Sarno
Brasil
80', cor, 16mm, 1987
Falado em português
Puro registro documental de câmera, quase sem interferências de montagem, sobre o movimento da Teologia da Libertação. Um documentário de crise, de exaustão: sua primeira imagem - um indígena que tange uma harpa nas escarpas andinas - parece embalar em canto fúnebre os movimentos sociais na América Latina e o próprio movimento da Teologia da Libertação, já em decadência na época das filmagens.
"As últimas cenas do filme 'Deus é um fogo' são de inesquecível beleza mística e estética. É onde Sarno mostra o melhor de si mesmo, seu lado intuitivo e profundo. (...) São formas de transparência do divino e de um sentido que plenifica a existência. Sarno insinua que é esta a direção em que devemos buscar o verdadeiro significado de todo e qualquer processo de libertação integral, criar o casamento entre o céu e a terra, o ser humano e a transcendência, a arqueologia interior e a cosmologia exterior." (Frei Leonardo Boff)
3 DE ABRIL 16H00 CASA FRANÇA-BRASIL
5 DE ABRIL 15H00 CCSP
5 DE ABRIL 20H00 CCSP
8 DE ABRIL 18H00 CCSP
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